Decida sobre os caminhos de sua vida
Considere a possibilidade de realizar sua reavaliação.


Decidir o que fazer na vida


O mundo está mudando na velocidade da luz e as mudanças influenciam em tudo, inclusive seus hábitos, desejos, objetivos etc. Com tantas mudanças na política, economia, ciência, tecnologia, informática etc. é possível que a carreira profissional que você sonha e o mercado de trabalho também enfrenta mudanças deixando você em dúvida sobre o que fazer da vida. Qual a melhor profissão para você? Qual o melhor tipo de negócio? Que rumo seguir, o que fazer da vida?

Considere a possibilidade de realizar uma reavaliação de suas aptidões, gostos pessoais, o que você sabe fazer, o que você gosta de fazer e as opções de profissões que combinam  com este seu momento. É importante observar que sua personalidade influencia na hora de você decidir o que fazer da vida.

Personalidade é o padrão geral de comportamento, percepção e pensamento que cada um de nós possui, sendo nossa configuração  individual única e distinta comparada à dos outros. No entanto, as próprias características que formam essa personalidade são mais  ou menos as mesmas, embora cada um possua um grau diferente em relação às características dos demais.

As diferenças de características permitem integrar o conhecimento sobre a personalidade em diferentes correntes de pensamento,  gerando diferentes modelos de personalidade e objetivos específicos. Um exemplo disso é o modelo proposto pelo psicólogo e  professor John Holland, que propõe uma série de padrões básicos de personalidade que são usados principalmente no campo da  orientação vocacional.

O modelo de John Holland

É uma proposta de modelo de personalidade que surge a partir da intenção do autor em gerar uma teoria explicativa sobre a escolha  de uma ocupação profissional, ligando diferentes características ao correto desempenho e gosto por determinadas tarefas e campos  de trabalho. Para Holland, tendemos a querer encontrar um alto nível de congruência entre nossa personalidade e o tipo de tarefa que  realizamos.

Nesse modelo, a escolha de uma carreira ou profissão específica dependerá do desenvolvimento do conjunto de elementos e  características que constituem a personalidade, sendo a pessoa mais competente e sentindo-se mais satisfeita em seu trabalho, dependendo do ajuste entre sua personalidade e o tipo de profissão escolhida.

Com o objetivo de contribuir para auxiliar na orientação profissional, John Holland gerou um modelo hexagonal com seis tipos  principais de personalidade, ligando certos tipos de ambientes e interesses. Isso não significa que não possamos realizar uma tarefa que não corresponda ao nosso tipo de personalidade. Com base no fato de que estarmos procurando um emprego onde possamos  desenvolver nossas principais habilidades, tenderemos a procurar e nos sentir mais confortáveis em determinadas áreas. Seria como  limitar nossas escolhas a empregos para os quais pudéssemos sentir vocação, embora possamos acabar exercendo tarefas que não  correspondem a essa vocação.

A relação entre profissão e personalidade é bidirecional: não basta aceitar que certas profissões exigem certas habilidades e modos  de fazer, mas também deriva do fato de que o tipo de tarefa atrai pessoas com uma personalidade específica. Isso resulta em um  grande número de profissionais em um determinado setor que geralmente têm a mesma vocação e não por mera necessidade ou  características de personalidade relativamente semelhantes.

A atribuição a um certo tipo de personalidade ou a escolha de uma ou outra carreira não são nem melhores nem piores, sendo todos  igualmente positivos e necessários. Além disso, devemos ter em mente que dificilmente uma pessoa será totalmente refletida com um  único tipo de personalidade: todos nós temos características diferentes que nos tornam seres complexos e que podem nos encaixar  em diferentes perfis. Nesses casos, a escolha profissional pode parecer mais complicada, embora algumas características ou  interesses geralmente prevaleçam sobre outros.

Diferentes tipos de personalidade
O modelo de Holland estabelece, dependendo das características predominantes em cada indivíduo, seis tipos de personalidade que  facilitam a orientação para certos tipos de profissões. Os seis tipos são os seguintes:

1. Realista
A personalidade realista refere-se àquele padrão de comportamento e pensamento que tende a ver o mundo como um todo objetivo e  concreto. Eles tomam o mundo como veem. Eles são geralmente realistas, dinâmicos, materiais e, embora não sejam sociáveis com outros, para eles essa não é a maior prioridade. Eles também são geralmente pacientes e constantes.

Esses tipos de personalidades tendem a se sentir mais confortáveis realizando trabalhos diretos, com fortes componentes práticos  que exigem habilidades motoras e uso sistematizado de elementos. Eles tendem a se destacar no uso de instrumentos mecânicos e  de precisão manual. Campos como agricultura e pecuária, arquitetura ou engenharia seriam propícios para esse tipo de  personalidade.

O tipo Realista normalmente tem habilidades manuais. Gosta de trabalhar ao ar livre, com ferramentas, máquinas e animais. Interessa-se pouco pelo contato social. É reservado, prático e raramente abandona uma tarefa antes de concluí-la. Gosta de carreiras realísticas como mecânico de automóveis, controlador de aeronaves, agrimensor, eletricista e fazendeiro. Geralmente gosta de trabalhar com coisas mais que com pessoas. O tipo Realista é descrito como determinado, honesto, genuíno, materialista, modesto, natural, normal, persistente, prático, tímido e sóbrio.

2. Investigativo
Esse tipo de personalidade tende mais à observação e análise do mundo, muitas vezes de forma abstrata, tentando fazer  associações e encontrar relações entre os fenômenos que nele ocorrem. Estas são personalidades curiosas e analíticas, com  tendência à introspecção e ao uso da razão sobre a emoção. Eles não são especialmente sociáveis e geralmente têm uma  abordagem bastante teórica para o mundo, não tão interessados na prática.

Essa personalidade corresponde a tarefas baseadas principalmente em pesquisa. Física, química, economia ou biologia são algumas  das áreas em que esses tipos de personalidades são mais comumente observados.

Pessoas que gostam de carreiras investigativas como biólogo, químico, físico, geólogo, antropólogo, assistente de laboratório e o médico. Gosta de matemática e ciências. Gosta de trabalhar só e resolver problemas. Leva jeito para matemática e ciências, mas não gosta muito de chefiar uma equipe, porque preza sua independência. É modesto, circunspeto, minucioso, metódico, curioso e de hábitos intelectuais. Criativo, nem sempre tem paciência para levar uma tarefa até o fim. Geralmente gosta de explorar e entender coisas ou eventos, em lugar de persuadir outros ou vender coisas. É analítico, cauteloso, complexo, crítico, curioso, independente, intelectual, introvertido, metódico, preciso, racional, e reservado.

3. Social
O aspecto mais notável das pessoas com esse tipo de personalidade é a necessidade ou o desejo de ajudar os outros para lidar com  eles em sua alta necessidade de interação humana. Geralmente são pessoas muito empáticas e idealistas, altamente comunicativas  e têm facilidade ou gosto por relacionamentos e cooperação.

O tipo de tarefas em que esse tipo de personalidade costuma ser encontrado são todas aquelas que envolvem um contato direto com  outras pessoas e em que tal interação existe como objetivo a ideia de dar apoio ao outro. Tarefas mecânicas geralmente não são  do seu agrado.

O tipo Social gosta de carreiras como professor, terapeuta, religioso, conselheiro, psicólogo e enfermeiro. Normalmente gosta de estar cercado de pessoas, está interessado em se relacionar bem e gosta de ajudar outras pessoas. É descrito como convincente, cooperativo, amigável, generoso, útil, idealista, amável, paciente, responsável, social, simpático, diplomático e compreensivo. Suas principais características são receptividade, responsabilidade, capacidade de persuasão, generosidade e tolerância.

4. Artístico
A criatividade e o uso de materiais em busca de expressão são alguns dos principais elementos que caracterizam a personalidade  artística. Não é incomum para eles serem pessoas impulsivas, idealistas e altamente emocionais e intuitivas. Estética e ser capaz de  projetar seus sentimentos para o mundo é importante para eles, e eles geralmente são pessoas independentes. Embora eles também  tentem ver o mundo da abstração, eles tendem a se concentrar mais na emoção e tendem a não gostar do meramente intelectual,  possuindo a necessidade de elaborar e criar.

Pintores, escultores ou músicos são alguns dos profissionais que atendem a esse tipo de personalidade. Também podem ser  bailarinos, atores, escritores e jornalistas.

Gostam de carreiras artísticas como compositor, músico, diretor de cena, dançarino, decorador de interior, ator e escritor. Normalmente tem habilidades artísticas, gosta de criar trabalho original e tem uma imaginação boa. O tipo Artista pode deixar as pessoas completamente desnorteadas com sua impulsividade e falta de senso prático. É intuitivo, criativo, imaginativo e traz novas maneiras de encarar problemas e encontrar soluções. Geralmente gosta de trabalhar com idéias criativas e auto-expressão mais que rotinas e regras. É descrito como complicado, desordenado, emocional, expressivo, idealista, imaginativo, impulsivo, independente, introspectivo, intuitivo, fora dos padrões, mente aberta e original.

5. Empreendedor
Capacidade de persuasão e habilidade comunicativa são aspectos típicos da personalidade empreendedora. Um certo nível de  dominância e a busca por realizações e poder são comuns nesses tipos de pessoas, bem como na capacidade de assumir risco. São  geralmente pessoas com habilidades sociais e altamente extrovertidas, com capacidade de liderança e alto nível de energia.

Profissões em que esses tipos de pessoas prevalecem são o mundo dos bancos e negócios. Comerciais e empreendedores muitas vezes também têm características desse tipo de personalidade.

Pessoas que gostam de carreiras empreendedoras como comprador, promotor de esporte, produtor de televisão, executivo empresarial, vendedor, agente de viagens, supervisor e gerente. Normalmente tem liderança e habilidades para falar em público. É interessado em dinheiro e política. Gosta de persuadir os outros e é descrito como conquistador, aventureiro, agradável, ambicioso, exibido, dominador, enérgico, impulsivo, otimista, aventureiro, popular, autoconfiante e sociável.

6. Convencional
Estamos diante de um tipo de personalidade que se caracteriza no gosto pela ordem, sem a necessidade de introduzir grandes  mudanças nela. Nem exigem grande contato social no nível de trabalho. Eles são geralmente pessoas altamente organizadas, ordeiras, disciplinadas e formais. Uma certa tendência à conformidade não é incomum, uma vez que se identificam com a  organização já estabelecida. Eles geralmente são ágeis e lógicos.

Dentro desse tipo de personalidades encontramos pessoas, em geral, com tendência a buscar a ordem. Gostam de carreiras convencionais como analista financeiro, banqueiro, contador, secretário e despachante. Possuem habilidades em matemática, gostam de trabalhar em lugar fechado e organizar coisas. Apreciam atividades sistemáticas que exijam ordem. Preferem a regularidade no trabalho e, às vezes, são resistentes a mudanças. São pessoas calmas, metódicas, responsáveis, que desempenham muito bem tarefas em equipe. Gostam de seguir rotinas ordenadas e satisfazer padrões, evitando trabalhos que não tem direções claras. É descrito como cuidadoso, eficiente, honesto, obediente, ordeiro, persistente, prático e metódico.

Conclusão
O modelo de John Holland permanece como uma das mais relevantes teorias dentro da orientação profissional. É amplamente  conhecido o teste baseado na teoria de Holland criado com base neste modelo, o ranking de preferências vocacionais (Inventory of Vocational Preferences), que também serviu de base para a criação de outros questionários e modelos que nos permitem oferecer  uma melhor abordagem entre características de personalidade e adaptação a determinados campos profissionais.


Referências bibliográficas:
Holland, J. (1978). The vocational choice. Race theory.
Martínez, JM; Valls, F. (2008). Application of Holland's theory to occupational classification.


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